Car Detox

Olá a todos.

Como alguns sabem vi-me forçado a ficar sem carta de condução durante 30 dias consecutivos. 
Resumindo a história recebi uma carta da segurança rodoviária, após 1 ano de, supostamente, ter cometido uma infracção grave na qual me pediram carinhosamente para entregar a minha carta de condução. Após várias tentativas de a entregar perto da residência, ao qual me responderam muitas vezes que tinha ainda muito tempo para o fazer, consegui entrega-la em Setúbal (até para cumprir a lei é difícil...). 

Quase 30 dias passados... Sexta feira dia 6 Junho voltarei a ter carta!!

Esquecendo esta história do antes, resolvi contar um pouco como foi a experiência nestes 30 dias.

Há 9 anos que tenho carta e desde ai sempre conduzi diariamente e, como tal, organizo a minha vida sempre a contar com o carro como meio de transporte. Tirando situações em que outros transportes são mais viáveis, sempre utilizei o carro. Aliás adoro conduzir e gosto de guardar as coisas que necessito no carro, seja uma bata, uma tenda ou outra coisa qualquer, que só agora me dei conta que facilita muito a vida.

Saídas de campo, jornadas, aulas, práticas e até mesmo as saídas para o café, todas tiveram de ser alteradas graças a este "transtorno". Muitos dirão que também faz bem não conduzir, mas os hábitos e a comodidade falam muito alto.

Os primeiros dias serviram para me mentalizar e adaptar à rotina. Comprei o cartão Zapping e carreguei 15€ (quanto mais valor carregarem mais dinheiro "bónus" ganham, mais económico fica). Este cartão permite andar de barco (Transtejo), Metro e autocarros em Lisboa (nos autocarros pagam uma vez e essa validação dura 1h, independentemente das trocas entre bus). Assegurei assim o transporte em Lisboa mas mesmo assim tive de contar com a ajuda da família. Os meus pais lá me deixavam no barco de vez em quando, apesar de bem cedo, e também não se importaram quando lhes telefonava a pedir boleia do barco para casa ou trabalho. 

A tecnologia também me ajudou bastante a perceber quais os autocarros a apanhar e ligações entre transportes (smartphone com google maps funciona bastante bem neste caso) mas se não tiverem esta hipótese aconselho a definirem e consultar os trajectos antes de sair de casa.

Quando estava em Lisboa, a Sofia também ajudava. Após despertadores barulhentos lá acordava e me levava à faculdade ou então fazia-me esperar "aqueles" 30min para me ir buscar. A verdade é que acabou por saber bem passar de condutor a ser conduzido para algum local. Curiosamente também me preocupei menos com a ingestão de bebidas alcoólicas (visto que não tinha o balão para soprar hehe).

Carreguei mais 15€ no cartão zapping e comecei a gostar de ir no autocarro às 7 da manhã para o Alto da Ajuda. Não que a viagem fosse curta (40min de autocarro mínimo) mas vinha a pensar nos meus botões, a ver as pessoas e a imaginar o que são ou o que fazem (sempre tive esta actividade mental... sem preconceito, apenas com curiosidade). Dentro destes pensamentos ficava a remoer, por vezes, na tristeza que encontrava em muitos olhares. Nunca neguei uma conversa por mais sem sentido que fosse e acho que as pessoas precisam de falar, nem que seja receberem um bom dia de uma pessoa nova. Ainda falei com um reformado da PSP, uns velhotes, estrangeiros e colegas da faculdade... alguma risada surgia ou então o comparar com os velhos tempos (...). 
Chegava a faculdade, "abria" o bar para tomar o café e cá ficava até o dia universitário terminar, a Sofia me vir buscar ou então apanhar o autocarro para um local "mais próximo". 

Sem poder recorrer ao adorado transporte fácil, MEU carro, almocei mais vezes na cantina ou na faculdade, pois não era fácil ir ao centro comercial na curta hora de almoço que dispunha. Apesar de neste ano ter recorrido mais à cantina (mais barato também, 2,4€ por refeição), sem o carro não havia muitas alternativas e acabei por aproveitar melhor a hora de almoço.

O texto já vai longo e dou-me conta que vai ficar muito por contar (...)

Outra das chatices foi o facto de já ter tudo organizado para ir às jornadas da APBuiatria, na Povoa de Varzim. Claro, era fácil, ficava na casa da Sofia no norte (Vizela) e conduzia os 40km de distância para ir e estar pronto para aprender mais sobre os animais de grande porte. Não foi assim e lá a menina teve de acordar cedo para me levar. Depois lá convencia os irmãos para irem beber café à noite para me irem buscar. Tornou-se fácil mas perdi a autonomia nesse bom fim de semana e ainda tive de recorrer a boa vontade dos outros.

Os dias foram passando e tudo se foi fazendo como era normal quando podia conduzir. Não tão simples e sempre com algum planeamento prévio. Sem dar por isso dei-me conta que o carro é como um refúgio pessoal onde guardamos inúmeras coisas úteis para alguma situação que possa ocorrer... Ao não ter o carro lá tinha de pegar numa mala a mais para trazer o necessário! 

E agora, quase a voltar a ter carta, voltei a vir para Lisboa de transportes. 
Hoje é para estudar e reflectir, a pé!
Barco do Barreiro para o Terreiro do Paço às 8:55 (em hora de ponta existem barcos a cada 5 ou 10 minutos). Cheguei a Lisboa cedo e decidi caminhar. 


Rua Augusta acima, com as pessoas a abrirem os estabelecimentos, ainda não se via muita gente. Passados uns minutos e algumas ofertas de óculos e drogas (quem ainda não foi abordado nas ruas de Lisboa por estes vendedores?) que recusei apenas com  movimentos de cabeça (a estes não dou conversa...) cheguei ao Starbucks do Rossio.



Entrei e o cheiro do café já me animava (Moca Branco grande em caneca sff, não vale a pena poluir só para ter um copo "fashion" de papel). Sentei-me e estudei um par de horas. Logo me senti acompanhado pois outras mesas começavam a estar ocupadas por estudantes. E eis que voltei a pensar nas pessoas ao meu redor. Existe uma necessidade de falar com os outros, quase que um apelo, mas não o fazemos. Já não é fácil meter conversa apesar de haver a troca de sorrisos (normalmente entre estrangeiros). Para a próxima vou meter conversa com estranhos (devo levar com uma bebida quente provavelmente hehe).

Já farto do excessivo movimento resolvi andar até ao próximo local onde gosto de estudar, Picoas Plaza. Tem uma esplanada agradável e normalmente vemos pessoas com portátil e apontamentos. Já estão algumas lojas fechadas mas continua a ser um bom sítio (e se faltar bibliografia tem a livraria Bertrand ao lado).



Se tiveram paciência para ler tudo até agora, aproveito para dizer que no meio deste texto estão algumas sugestões. A vontade era contar um pouco da experiência dos últimos 30 dias. 

E como ainda sobrou algum saldo para usar nos transportes, vou reserva-lo para visitar Lisboa como turista.


Até amanhã com mais uma aventura na capital!!

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